13 de maio: A resistência e o legado das mulheres e mães negras quitandeiras

No tempo do sistema de escravização, não era incomum que mulheres conseguissem a liberdade por seu próprio esforço – como Luísa Mahin

No tempo do sistema de escravização, não era incomum que mulheres conseguissem a liberdade por seu próprio esforço.

Muitas mulheres negras exerceram a profissão de quitandeira, com a venda de seus produtos, da sua comida, do seu mingau, demonstrando o quanto de troca de saberes, sabores, autonomia financeira e construção da rede de solidariedade emanava desse coletivo. Além de abastecer os lares brasileiros, essas mulheres negras saiam da posição de escravizada para uma condição de semiliberdade, uma vez que podiam negociar e administrar, mesmo que de forma simplória, o seu próprio negócio.

Até finalmente, com seus tabuleiros e a venda de seus produtos na rua, movimentar tanto a economia local que, com seu ganho, conseguiam comprar sua própria alforria e a de outras mulheres, tornando-se realmente libertas.

Uma delas foi Luísa Mahin, mãe do abolicionista Luiz Gama. Ela foi uma das articuladoras da Revolta dos Malês (1835) e da Sabinada (1837), ambas ocorridas na Bahia.

Luísa nasceu em algum momento entre os anos de 1812 e 1817, provavelmente na região da Costa da Mina, atual Gana. Ela foi trazida ao Brasil como escrava ainda jovem e, por meio do seu trabalho de quituteira, conseguiu comprar sua alforria. Do seu tabuleiro saíam mensagens secretas, distribuídas pelos que iam comprar os quitutes.

Naquele período, todo e qualquer processo de organização de africanos escravizados e africanas escravizadas era temido pelos senhores, que, ao longo do tempo, foram criando legislações de controle aos corpos negros, impondo o medo por meio da repressão.

Luísa foi uma grande guerreira que não só não se intimidou como, para ela, a liberdade era tão importante quanto a vida. Tanto que deixou como legado, para seu filho Luís Gama, o abolicionismo e o desejo de lutar por libertação.

Luísa Mahin é considerada uma figura importante na luta pela liberdade e pela igualdade no Brasil. Sua história foi pouco registrada em documentos oficiais, mas seu papel na história do país é reconhecido e celebrado por muitos hoje em dia. Em 2019, o nome de Luísa Mahin foi incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

O Brasil necessita de muitas mulheres como Luísa Mahin símbolo de resistência, determinação e organização, que criem muitos homens como Luiz Gama.

Por Márcia Damaceno – teóloga e atual Coordenadora de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Diadema | Ilustrações: Debret

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